sábado, 9 de abril de 2011

Menorca 2008 - 6

Quarto dia


11 Junho



Depois das ameaças não concretizadas do dia anterior, a chuva fez questão de marcar presença assim que abri as cortinas ao acordar.
Ainda bem, pois não há nada que eu deteste mais do que a indecisão.
Iria conhecer Menorca com chuva, estava decidido!


Mais uma vez, o norte era o meu objectivo.
Cala Pilar, seria a primeira escolha.



Para lá chegar, é só virar para Castell de Santa Águeda, 3km depois de Ferreries ( sentido Mahon - Ciutadella ).


Reparei que nos últimos 3 dias, tinha percorrido 600km.
O depósito do Corsa já não permitia grandes aventuras, especialmente em locais afastados.
Sendo assim, tinha que abastecer antes de me dirigir a Cala Pilar.
Claro que não o fiz na primeira bomba de gasolina que apareceu, nem na segunda e também não na terceira, sempre a mesma conversa dos adiamentos... lol
Quando dei por mim, o posto de abastecimento seguinte era já às portas de Ciutadella... 

Enquanto abastecia, uma chuva semi-torrencial abateu-se sobre a área, pondo fim à minha decisão de não pisar solo urbano durante esta estadia em Menorca... 

Lá fui eu até ao centro de Ciutadella, onde tomei um café numa esplanada com capota.
Dali, logo que a chuva abrandou percorri meia dúzia de ruas aproveitando os 50 minutos de parque pré-pago.
Quando finalmente, regressei ao carro, dirigi-me sem mais demoras ao desvio para o castelo de Sta Águeda.



Mais uma vez, a estrada é linda de percorrer.
A chuva torna o verde ainda mais verde...


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Algo que notei em Menorca é a quantidade de espécies animais que morrem vítimas dos automóveis enquanto tentam atravessar as estradas.
Vi mamíferos de várias espécies, sapos, aves,...
Logo à entrada na estrada para Cala Pilar, uma pequena serpente que tentava a sua sorte no alcatrão molhado, obrigou-me a uma manobra para a salvar de um atropelamento certo.


Depois de passar o trilho para o castelo, a estrada torna-se cada vez mais um caminho de relevo cada vez mais acidentado.
A chuva não ajudou à festa e transformou algumas secções em lamaçais perigosos para um veículo citadino.


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Achei melhor estacionar enquanto podia e percorrer o resto do caminho a pé.
O que me assustava é não fazer a mínima ideia da distância que me separava da cala... :lol:

Seja como for, o carro não passava dali, e tudo era preferível a ter que andar kms a pé até ao último local civilizado para pedir um reboque...




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Andar a pé por estes caminhos é um prazer...



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O que faz um barco a 200 metros da praia, num cruzamento?!?


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Depois de 10 minutos a pé, com as sandálias enterradas em lama :lol: , e já com a bendita praia à vista, mais um insólito Menorquino:
Numa casa - que penso tratar-se de um local de reunião para um grupo de amigos - dois homens jogavam damas.
Sozinhos, a km da civilização, perdidos no meio da natureza num dia chuvoso, nenhum turista inoportuno à vista, silêncio perfeito para um divertimento simples! :D

Estes Menorquinos sabem viver, disso não tenho dúvidas!
Cumprimentei-os e segui em direcção à praia.

Na esquina da casa, um inesperado busto em homenagem ao "Loc des Alocs", D.Quixote de La Mancha ( da imortal obra de Cervantes )



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Cala Pilar
...ou nem por isso...


Finalmente, a praia!
Achei estranho o facto de não haver areal, o solo era composto por pedras... 
Não me lembrava desse pormenor, mas como já tinha feito o plano de viagem há bastante tempo....

Ainda assim, as vistas eram magníficas, devidamente temperadas pelas condições metereológicas:



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Ah, finalmente iria limpar os kgs de lama que tinha nos pés e nas sandálias.
Enquanto descalçava as sandálias, reparei num pequeno pormenor...

Uma medusa, bela mas potencialmente problemática, passeava na linha de água:



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Só que afinal, não era só uma, pois toda a praia estava coberta por medusas... 



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Os "simpáticos" invertebrados oscilavam perigosamente ao sabor da ondulação.
Eram tantas que foi preciso alguma coragem para molhar os pés naquela água, sempre atento pois um movimento brusco das ondas me poderia trazer graves dissabores.


Depois deste fenómeno natural, foi com os pés novamente decentes que decidi voltar ao carro, com a certeza de mais um objectivo conquistado: Cala Pilar! lol


Só uma semana depois de chegar a Portugal, enquanto deambulava pelo Google Earth, é que descobri o meu maior falhanço em Menorca!
O que eu julgava ser Cala Pilar era na verdade Ets Alocs.
A cala que me tinha trazido até estes confins da ilha situava-se a mais uns minutos a pé, através de um trilho que me passara despercebido. 

Foi pena pois fiz todos estes km para visitar Cala Pilar, e acabei por falhar o alvo estrondosamente.
Não há problema, fica para a próxima vez!





De regresso à estrada em direcção a




Cala Algairens


Para chegar a esta cala, basta apanhar a estrada que segue para Cala Morell, e depois seguir as indicações.

Como o dia estava chuvoso, o trânsito era quase inexistente, a estrada era minha.
Alguns 5 ou 10 minutos de estrada são o suficiente para chegar ao parque de estacionamento de Cala Algairens.
Estavam por lá a fazer grandes obras, uma série de máquinas a terraplanar e outras coisas que não me agradam mesmo nada.
Espero que não sejam más notícias para a natureza.


Do parque ( mais uma vez sem qualquer tipo de serviços ) até à praia são 100 metros, percorridos através de um caminho acolhedor, protegido pela sombra da vegetação, caminho esse que corre paralelo a um pequeno muro.


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A praia estava quase deserta, apenas uma família fazia frente aos chuviscos que teimavam em cair.
A cadeira de vigia do nadador-salvador estava desocupada.
Afinal, só os tarados é que viriam à praia com um tempo destes... 



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O mar calmo fundia-se com o cinzento do céu.
Uma excelente alternativa aos azul turqueza dos primeiros dias.



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Cala Algairens tem um areal grande, mas uma parte da linha de água está coberta por rochas.
A costa está devidamente protegida por uma zona de dunas, e a vida natural nestas paragens parece florescer quase incólume à intromissão dos humanos.
Gostei do que vi!


Ao fundo, a proteger a entrada para mais um trilho, um portão com um aviso insólito:



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Claro que fechei a porta atrás de mim, e segui pela falésia, curioso em relação ao destino que me esperava.
Não tardou muito a surgir mais uma daquelas praias que eu adoro!
Menos acessíveis e com aquele ambiente mais genuíno e selvagem.


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Embora não tenha um nome próprio, esta secção de Cala Algairens merecia a indepêndencia, mais do que outros exemplos espalhados por Menorca.

Existem duas formas de se chegar a esta praia.
1- Pela falésia, são 5 minutos por um trilho de pedras.
Não é dos mais fáceis.
2- Pelas traseiras, através de um trilho apertado, por vezes quase esmagado pela vegetação.
O caminho passa perto de um curso de água com o respectivo canavial, culminando nas dunas que precedem a praia.




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Na praia estava apenas um casal a desfrutar da paz que se vivia por ali, entregues à leitura e contemplação.
Mas depressa se puseram a andar, quando a chuva se intensificou!

Eu guardei as minhas tralhas debaixo de um arvoredo e saltei para mais um daqueles banhos inesquecíveis! 

Enquanto chovia naquela praia deserta, eu permaneci ali completamente entregue a um mar sem ondulação.
Foram minutos que pareceram dias, momentos dourados que raramente se repetem.

A magia desfez-se quando subitamente vi mais uma medusa, a poucos metros do meu corpinho... lol
O pânico tomou conta do ambiente e sai da água.

Regressei ao carro pelo trilho 2, sempre açoitado por uma chuva que já não me parecia tão maravilhosa como há momentos atrás quando eu estava na água... 




A parti daqui, o resto do dia ficou entregue a visitas a locais que não me despertavam o menor interesse.
Foi mesmo só para cumprir calendário, comprovar a qualidade ( ou falta dela ) de Cala Morell e da costa Oeste.


Comecei por Cala Morell.
Fui lá constatar que a construção civil está de vento em popa, com uma série de urbanizações a entupirem as encostas e arribas de uma cala que nem areal digno desse nome tem.
Não entendo como certas zonas tão feias têm tanta fama e surgem em todos os mapas.
Não venham a Cala Morell, excepto se estiverem interessados em casas de férias.


De seguida, passei em Sa Caleta.
De fugir a sete pés, é mais uma urbanização.

Cala Blanca, idem aspas.


Segui até ao farol de Artrutx, que mostrou qualidades fotogénicas:



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Dali, segui até ao horror de Cala En Bosch.
Típico antro de turistas Britânicos, a evitar o mais possível.




Cansado de conduzir e de ver horrores, voltei a Son Bou.
Enquanto passava ao lado de El Toro ( elevação com 360 metros, a mais alta de Menorca ), decidi desta vez subir para umas vistas.
Má ideia, pois lá em cima chuvia torrencialmente.
Aguardei cerca de 20 minutos, mas de súbito a visibilidade desceu para níveis perigosamente baixos.
Uma nebulosidade cerrada invadira o cume, e não se via um palmo!
Ainda bem que o vigilante lá ajudou os condutores a encontrar a saída... lol


E foi assim, escorraçado pela chuva que voltei a Son Bou.
Antes de regressar ao hotel, fui tirar umas panorâmicas do areal:



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O areal de Son Bou é dominado pelas atrocidades arquitectónicas do grupo Sol Melia, os hotel Milanos e Pinguinos.
Dois edifícios brancos, altos e horríveis, completamente desamparados e desenquadrados na paisagem, são impossíveis de passarem despercebidos.
Aliás, vêm-se a muitos km de distância, como em Cala Turqueta, a cerca de 20km de distância.






Juntamente com o Sol Gavilanes em Cala Galdana, estes dois monstros em Son Bou tornam o grupo Sol Melia um verdadeiro inimigo público de Menorca.
A sua tremenda falta de bom senso e de respeito para com o meio ambiente é assustadora.
Eu quero estar na primeira fila a assistir, quando ordenarem a implosão desses monstros.


Não fossem estes horrores pintados de branco, Son Bou seria uma zona bem mais bonita.
O areal é extenso ( o maior de Menorca ) e plano, as areias finas e claras.
Infelizmente, as sempre odiosas esteiras de plástico teimam em ferir as vistas.